
Douro, Paisagem Humana – Os trabalhos e os Dias
Douro é vinho e fruto arrancado às fragas. É azeite luminoso roubado às oliveiras contorcidas na paisagem, limpo do sangue e suor com que nasceu, porque Douro é também gente, é o somatório das vidas obstinadas dessa gente de trabalho. O “Reino Maravilhoso” de Torga que Jaime Cortesão explicou: “O mais belo e o mais doloroso monumento ao trabalho do povo português”. Assim são as terras de Ansiães, também elas Douro, também elas gente, incluindo o fotógrafo, que delas saiu e a elas sempre volta. Povo de trabalho, sem fim nem redenção, em socalcos rasgados à mão e pomares postos no planalto. Povo a que escapam a crise, a austeridade, ainda a dura memória da Troika, o país que se arrasta. Nunca este povo viveu de outra maneira, mas também não é este o povo de outros tempos, com migrantes de todo o mundo a recompor a paisagem humana. Uns sazonais, outros já firmando raízes no território, garantem a manutenção de uma vitalidade que o despovoamento faz perigar. Neste trabalho, desligado da miragem idílica do turismo, cada fotograma fixa a perpétua dor de tirar maravilhas a uma terra que não é oferecida como as lezírias nem extensa como as planícies. No curto inferno estival e no cortante inverno que parece não ter fim, só do trabalho brotam a vida, as mãos calejadas, o magro provento. Assim é a gente duriense, ocultos artífices dessa maravilhosa paisagem que Deus ao homem deu para construir. Como penitência, talvez, como forma de conquistar o Céu, dorido Céu.
Biografia Leonel Castro, Documentary Photographer
Leonel de Castro nasceu na República Federal da Alemanha, Münster. No entanto, as suas raízes estão bem firmadas em Lavandeira de Ansiães, em Trás-os-Montes e Alto-Douro, Portugal. Fotojornalista associado de longa data do Jornal de Notícias e do seu grupo jornalístico (incluindo títulos como Notícias Magazine, Volta ao Mundo, Evasões e O Jogo). Leonel de Castro conquistou vários prémios e distinções ao longo da sua carreira, nomeadamente, Poy – Pictures of the Year International, os prémios Visão, o Prémio Fuji Fotojornalismo Portugal, o prémio Estação Imagem, os prémios da Society for News Design, e ainda o prémio Pacheco de Miranda para reportagens fotográficas desenvolvidas em Timor-Leste, África do Sul, e E.U.A. As suas obras têm sido apresentadas em várias exposições individuais e coletivas, e em publicações como Despojos de Guerra (edição de autor) Pare, Escute, Olhe (Civilização Editora), Minhotos de Pele Salgada (publicação Estação Imagem), Lugares Alentejanos na Literatura Portuguesa (Estação Imagem) e Um Território Musealizado – Museu da Memória Rural.
O seu mais recente ensaio documental, DESPOJOS de GUERRA, recebeu várias distinções desde a sua génese, dois prémios da Estação Imagem 2021 e 2022, Prémio de Excelência – POY (Pictures Of the Year) e SPA – Sociedade Portuguesa de Autores como Melhor Trabalho de Fotografia de 2023.
Em 2025 recebeu a medalha de mérito da Cidade do Porto, atribuída pelo Presidente da Câmara Municipal Rui Moreira, pelo trabalho desenvolvido ao longo da sua carreira profissional.
Para além do fotojornalismo, foi docente no Instituto Português de Fotografia, na Escola Artística do Porto, e também lecionou no Mestrado em Comunicação da Universidade do Minho. Leonel de Castro é licenciado em Comunicação Social pela Escola Superior de Jornalismo, concluiu o Curso de Fotografia da Escola Artística do Porto, posteriormente, em Cuba estudou cinema documental na EICTV. É doutorando na Universidade do Minho.
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